De volta o velho e conhecido jargão dos brasileiros: “Rouba, mas faz.”

Em pesquisa feita em cidade satélite de Brasília e divulgada no site uol (clique aqui para consultar a notícia), constatou-se que muitos são os que apóiam o governador Arruda, com o repudiante e falacioso jargão citado, que me recuso a repetir. Repudiante? Sim, repudiante. Falacioso também, pois com base em dados da mesma pesquisa, no que concerne ao “faz” não é unanimidade, parece que o governador só “fez” em algumas cidades, esquecendo outras, conforme alguns populares locais, ou seja, pelo visto não fez tanto assim.
Vejo muita gente pintar a cara, protestar, ir presa, se esforçar por mudanças etc., no entanto, todo esse esforço acaba indo por terra quando escutamos o famoso jargão da boca de outros tantos brasileiros, também lesados, vítimas não somente da corrupção, como também da falta de informação, da ignorância, vítimas de si próprio. A partir do momento que se concorda com uma atitude corrupta a troco de cheques-moradia, asfalto, bolsas escolares, empregos, e tantas outras promessas que já vimos por aí, o cidadão passa também a ser um corrupto. Isso, um corrupto. Com o perdão e a tristeza da palavra.
Nossa, me chamou de corrupto porque aceitei um emprego a troco dessas pequenas coisas? Sim, exatamente. Corrupto, na acepção da palavra, é o errado, o que sofre a corrupção, o adulterado, o viciado, o prevaricador. Corrupção, por sua vez, é a depravação, o suborno, a alteração, a sedução. Por isso, quando alguém aceita essa corrupção oferecida por tantos políticos por aí, torna-se uma pessoa seduzida, errada, prevaricada. Logo, corrupta.
É claro que, muitas vezes, as “cortesias” feitas pelos corruptos vêem de procedimentos lícitos, como os cheques entregados em Brasília. Entretanto, não precisa ser nenhum gênio para entender e conhecer a velha tática dos corruptos, como entrega de “presentes”, agrados etc., nos momentos e situações mais oportunas.
Isso tudo me fez refletir: As pessoas aceitam corrupção dos corruptos e acham normal, votam novamente nele, ou seja, são coniventes às atitudes dele, ratificam as atitudes dele, elegem um corrupto como seu representante, como quem tomará decisões e atitudes em seu nome. Sendo assim, pensei: Quer dizer que se um estuprador comete o hediondo crime de estupro, todavia, me entrega uma “gostosona” para eu também ter meus momentos de prazer, mesmo que não seja estuprando-a, sejam momentos consentidos por ela, ou seja, lícito, eu também o perdoarei? Se ele estupra, mas ajuda as criancinhas, participa de ações em prol da mulher, ele não merecer ser punido? “Não... ele estupra mas faz”. Soou um tanto quanto repugnante, né? Mas é o que vem ocorrendo no Brasil, a diferença reside somente no tipo de crime, mas ambos tratam de crimes e criminosos, a esperança é que não tenhamos futuros jargões como: “Estupra, mas faz.”
Todos merecem uma segunda chance, mas na política temos que tomar muito cuidado a quem daremos essa chance, se existe esse cuidado desde o episódio da fraude do painel eletrônico, talvez não tivéssemos um mensalão do DF, ou se tivéssemos seria em menor proporção, pois os criminosos pensariam duas vezes antes de cometer crimes, sabendo que a população não perdoa, não admite situações como essa. Mas ouvindo o “rouba, mas faz.”, a impressão que dá é que o que passa na cabeça dos criminosos é: “Ora, estou roubando sim, mas estou fazendo também, a população aceita isso”. Portanto, reflitamos... “Quem cria cobra, acorda picado!”
Fonte: CHRISTÓFARO, Danilo Fernandes. De volta o velho e conhecido jargão dos brasileiros: “Rouba, mas faz.”. Disponível em http://www.lfg.com.br - 21 janeiro de 2010.

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